as coisas são assim...
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
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domingo, 31 de julho de 2011
Não toque o que está lá, e sim o que não está (MD)
Meio músico que sou quando resolvi estudar um pouquinho mais sobre harmonia não pude deixar de me entereçar pelo jazz e com mais maturidade fui ouvindo Miles que realmente com poucas notas mostrava que música não éra pra se decorar e sim para ouvir e somente ouvindo é que se entende a música, talvez seja por isso que o próprio Miles ficou estupefato diante do nosso grande compositor Hermeto Pascoal que além de lutar box com Miles (seu esporte favorito) mostrou de uma forma maestral o suíngue do Brasil.
Lí a biografia de Miles ditada por ele mesmo e quem dirige é Quince Troupe o grande presenteador para os fãs de jazz. Neste livro Miles conta de onde tudo começou, que teve adoração pelos pais no qual a mãe era pianista e o pai dentista e não suportava quando ensinavam nas escolas que o blues veio do sofrimento dos escravos. Miles veio de família rica e criticava o sorriso na tv de Louis Armstrong, pois dizia que ele só fazia aquilo para ter ibope junto aos brancos, dizia que os Judeus viviam lembrando ao mundo seus sofrimentos pela a história e que os negros deveriam fazer o mesmo.
sábado, 30 de julho de 2011
Pedacinhos de livros
1) - Ai! que preguiça!...
(Macunaíma / Mário de Andrade)
2) Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são. (Macunaíma / Mário de Andrade)
3) Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita? (Memórias Póstumas de Bras Cubas / Machado de Assis)
4) Que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia. (Morte e Vida Severina / João Cabral Melo Neto)
5) Minha pobreza talvez é que talvez não tenho presente melhor: trago papel de jornal para lhe servir de cobertor; cobrindo-se assim de letras vai um dia ser doutor. (Morte e Vida Severina / João Cabral de Melo Neto)
6) É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas...
(Sentimento do Mundo / Drumond de Andrade)
7) Sou um fotógrafo, vejo e fotografo o que vejo com palavras.
(Ostra Feliz Não Faz Pérolas / Rubem Alves)
8) Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver, ele estava perdido e foi encontrado.
(Evangelho de São Lucas 15: 11, 32 / A Volta do Filho Pródigo)
9) Quem falou que este mundo é ruim! Só recordar... (Contos Novos / Mario de Andrade)
10) Mas se Deus é as flores e as árvores.
E os montes e sol e luas,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora!
E a minha vida é toda uma oração e uma missa.
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
(Alberto Caeiro / Fernando Pessoa)
Literando
Na minha leitura por exemplo, vejo o livro que são indicado por amigos, pesquisado pela internet, aqueles que queremos ler por se tratar de citação em uma obra boa, e também aqueles que apenas temos vontade.
Pego o livro com uma capa convidativa e me pergunto: Como que o autor vai iniciar este tema? E o final então? Quando que faltando algumas páginas logo penso: Não gostaria de ter a responsabilidade de ter que terminar esta obra, ainda bem que sobre mim nunca esteve este peso, penso.
Resolvi registrar aqui dezenas de livros lidos por mim, alguns que mais me marcaram em termo de início da obra e o capítulo final. É algo bem pessoal, que falou profundamente comigo me deixando perplexo, triste, introspectivo e também feliz é claro.
Foi algo que sempre gostei de fazer depois de ler meus livros passado algum tempo, reler as primeiras páginas e em seguida suas ultimas páginas...forte emoções.
Vou então enumerar dois livros com votos de sensacional para o começo e dois livros com tal voto para o final, não foi tão fácil já que temos inúmeros livros que caberiam aqui nesta reflexão, como por exemplo o livro São Bernardo de Graciliano Ramos que tem uma introdução fantástica e completamente par no final, e também tomo como exemplo a obra de Kafka, O Processo, que nos deixa revoltado e marcado por um final tão absurdo.
O livro de início fantástico: Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa)
-Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser - se viu - ; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, essa figura rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram - era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Dono dele nem sei quem for. Vieram emprestar minhas armas, cedi. Não tenho abusões. O senhor ri certas risadas... Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente - depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja...
Segundo livro de início fantástico: Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pos no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Primeiro livro de final fantástico: Memorial do Convento (José Saramago)
Meteu-se pela rua Nova dos Ferros, virou para a direita na Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, em direção ao Rossio, repetia um intinerário de há vinte e oito anos. Caminhava no meio de fantasmas, de neblinas que eram gente. Entre os mil cheiros fétidos da cidade, a aragem nocturna trouxe-lhe o da carne queimada. Havia multidão em S. Domingos, archotes, fumo negro, fogueiras. Abriu caminho, chegou-se às filas da frente, Quem são, perguntou a uma mulher que levava uma criança ao colo, De três sei eu, aquele além e aquela são pai e filha que vieram por culpas do judaísmo, e o outro, o da ponta, é um que fazia comédias de bonifrates e se chamava Antonio José da Silva, dos mais não ouvi.
São onze os suplicados. A queima já vai adiantada, os rostos mal se distinguem. Naquele extremo arde um homem a quem falta a mão esquerda Talvez por ter a barba enegrecida, prodígio cosmético da fuligem, parece mais novo. E uma nuvem fechada está no centro do seu corpo. Então Blimunda disse, Vem. Desprendeu-se a vontade de Baltasar Sete-Sóis, mas não subiu para as estrelas, se à terra pertencia e a Blimunda.
Segundo livro de final fantástico: Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis)
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto. Não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência de Quincas Borba. somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve mingua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque, ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria".
Livros como estes que fazem com que nos lembremos que não somos super-homens não, e que na verdade: "Existe é homem humano. Travessia"...inté!
(texto criado em janeiro de 2010)
Noite
Demasiadamente cansado la estava nosso herói sem qualquer idéia para debater e desafiar então uma antítese. Pelo horário de verão já era noite, porém, apesar do mau tempo, o céu ainda estava claro, as nuvens formavam um tapete 100% de algodão aglutinados entre si, só não com muita força para segurar as pisadas do sol que tinha seus raios inquietos. Havia um livro sobre a mesa de Mário Quintana, mas sem qualquer despertar de interesse deixou o livro, pois não conseguiria se concentrar já que na sua cabeça tinha apenas uma máxima: "Ai que preguiça..."
Fulano tinha muita saúde e observava poucas formigas saúvas que carregavam incessantemente algumas folhas não para alimentação instantânea, mas sim após quando lodo virasse. Depois de algum tempo o sono foi inevitável, e num cochilar de meia hora foi o suficiente para sonhar o que seu coração mais queria caso o corpo estivesse disposto a ouví-lo. Sentado em um cantinho segurando um violão, aí sim seu coração batia as dissonâncias do instrumento. Ao acordar Fulano havia amassado a cara por ficar apoiado sobre a mão direita, acordou e viu que as formigas ainda estavam lá e lembrou da sapiência de Salomão nas escrituras: "vai ter com as formigas ó preguiçoso". Sem exitar foi logo abrindo o livro para espantar a preguiça e continuar sua missão de espera daquela noite.
Quando deu por si estava bem acordado envolvido com o índio amazonense que sempre dizia "aique" (PREGUIÇA- no dialeto indígena), a noite passou sem perceber e quando seu tempo de espera acabou viu que as sauvítas ainda estavam lá, e eram muitas...
(texto feito em janeiro de 2009)